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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Útero

O útero é o lugar em si, a casca, o abrigo das relações,o interior anterior à exposição. É antes <<disto>>. Quando saio, eu, matéria expressiva, deformável, tento me comunicar como posso, mil fôrmas no rosto que só dizem uma coisa: não sei o que dizer. A forma caleidoscópica revela o signo perdido entre o borrão. Por que? Educação? Cortesia?

O corpo convencional é o corpo comunicacional. E o corpo espasmódico? O ante-humano? A ante-fórmula? E o corpo que desconhece o símbolo e a norma, como acenaria? Como diria que aqui está, como pediria licença? O corpo que não é compreendido está mudo? Está louco? Todo corpo vetoriza a mesma reza? A reza é o apelo não-simbólico do corpo?

Aqui o corpo se afirma. Na convenção, comunico existência. No devaneio sou histérico e me descolo do isto, do existo, do próprio objeto, um banco, da respiração. Lá. Lá! Lá é onde quero ser e estar. Lá não falo, pulso, pulso, lá sou íntimo, sou inho, no útero, no útero.

Reflexões sobre 'o útero' em cena. Escrevi esse texto hoje, tentando me ajudar a compreender o que estou tentando comunicar, ou resgatar aquilo que espontanemante trouxe em princípio. Uma espécie de texto-trajetória-roteiro de cena.

aglomerados na tv