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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Um segundo no palco.

Abertamente,

assumo minha falta de posição para soltar opiniões das quais não tenho certeza. Porém, tento escrever o que vem me inquietando e assim poder discutir minhas inquitações fazendo arte. Em qualquer momento do teatro que venho fazendo tenho depositado minha sinceridade. No N.E.M não é diferente. Me atrevo a descrever minhas reflexões a cerca disso. Mesmo sabendo que acordarei amanhã contráditório ou talvez mais certo. Eu espero ansioso pelo despertar contradiório de cada dia. Estar certo não me ajudará a me revelar e a me desnudar. Este texto foi escrito ao reler o capitulo "Exatidão" da obra de Italo Calvino: 6 propostas para o próximo milênio, e é um desabafo. Estou inquieto.


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O fazer é extremamente primordial, assim, como a decisão. O que deve ser feito precisa ser decidido - e se deve fazer uma decisão. Entendo sobre profundidade de todos os materiais e imateriais com pesquisa interna. Atento. Pois dali, apenas dali sairá decisões. O mundo não possui decisões. O mundo não pode decidir por mim.
Entendo agora o clichê e dele me utilizarei apenas para que algo realmente seja vago por que decidi. Decisão estabelecida por consciência de que algo pode ser vago. Que tudo realmente seja consciente. A conciência é a certeza da sinceridade. É nela que reflete qualquer dúvida, atitude, ações, afirmações. Não existe qualquer sinceridade inconsciente. A isto damos um nome de inocência. E a inocência é uma ignorancia clamufada por falta de experiências e informações. 
A sinceridade deve rever todos os aspectos sem preconceito. Tem de saber lidar com os dois lados da moeda sem que o preço signifique mais que seu simbolo e vice-versa. 
A conclusão de fatos me traz uma epifania, devo entender a epifania, antes de criá-la e soltá-la no mundo. A epifania é ainda uma sensação eterna de vômito preso na garganta- quente e ardente: um sofrimento. A reflexão e o entendimento da epifania deve-se a uma série de fatores vindo de experiências, coragem, força de vontade, e logo após o vazio. Se não houver fome após o esvaziamento, a sinceridade não vale de nada. Estará solta, singular, sozinha, perdida sem futuro, e sem continuação. Pois o mundo vai tentar, então, decidi-la por você. Uma sinceridade já decidida anteriormente, corre o risco de ser redecidida por outro. E isso é algo que não sou contra de maneira alguma. Não recuso as visões diferentes que podem tornar a sinceridade totalmente contrária ä epifania de origem, porém, ao se lançar algo sincero, ele deve ser de responsabilidade de seu criador.
O sistema digestório foi escolhido como metafóra, e admito que por me soar mais forte em relação ao respiratório ou circulatório que me passam uma condição de leveza, doação - generosidade.
Uma sinceridade não pode ser generosa, ela não deve querer ensinar nada a ninguém, mas sim, confortar personalidades pelo simples fato de que decidir nos leva a fazer e fazer nos leva a expressar e a espressão é a melhor maneira de vida, de criação de vida. Movimentação, estrela de cinco pontas.
A sobre-vida ou sobrevivência, como preferirem, está na epifania que não possui experiências, e informações para crescer e criar vida sozinha, e logo após ser recheada novamente por seus responsáveis e pelos novos responsáveis. Um sobrevivente é apenas uma flor que não floreceu, não por condições do clima ou terra, ou por alguma ação externa, mas porque simplesmente não floreceu. Não foi avisada de que podia, não sabia.
Um sobrevivente não consegue ser sincero. Está sempre no entre. Entre suas condições, planos e sonhos - Este ultimo longiquo. Um sobrevivente espera alguma decisão do mundo de quando poderá fazer uma horta ou ter tempo de começar a gostar de lavar louça.
A sinceridade já foi decidida. Há muito tempo se confunde sinceridade com imediatismo, ou impulso, ou falta de um segundo pensamento, contudo, antes de seu nascimento, a sinceridade possuia a idade de todo o universo apenas como epifania, até que o estômago do espaço-tempo decidisse que a epifania tenha pernas para andar e boca para falar por si só.
Logo, presumo e entendo sinceridade como a forma mais neutra e rápida de comunicação - uma vez que cada sinceridade tem poder de gerar mais epifanias e assim mais sinceridade. Algo não sincero não é algo decidido. As mentiras são inventadas e criadas sem alguma epifania. São desde já natimortas.
A mentira é a rainha dos sobreviventes. Por isso a hipocrisia daqueles que não vivem. Infelizmente alguém vem roubando as epifanias de forma indireta. É preciso alimentar as epifanias, caso contrário elas não se tornarão sinceras, desta forma nascerão natimortas. Mortas de fome em plena gestação.
É extremamente necessário fazer. É obrigatório a aqueles que possuem possibilidades e sorte de serem sinceros. Capazes também de desvendar epifanias a si mesmos e serem sinceros a si mesmos.
A decisão não está no mundo, mas nele está o fomento, e este fomento não deve ser negado ou ocultado ou pior: extraido. Ninguém tem o direito de me roubar o entendimento de uma epifania.
Aos sinceros: Sejam sinceros. Esconder sinceridade podendo ser sincero é o pior crime e o flagrante condiz com 20 anos de prisão em qualquer mundo indefinido. Não ser sincero é roubo. 

É roubo passivel de pena eterna num mundo cada vez mais enganoso. 
Logo... Decidam-se.

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