Então vou escrever sobre a experiência: o vivido. O
misturado. A percepção sobre a experiência que chegou do dia de ontem, que se
iniciou com um aquecimento mais sistemático. O tempo de execução dos movimentos
estabelecidos pelo condutor do movimento. Ainda percebo minha ansiedade em
relação a executar movimentos que não são meus. É uma ansiedade que precisa ser
trabalhada. São vários fatores que estão em jogo para mim: o movimento, o tempo
de cada movimento, a coreografia, a propriopercepção, a dificuldade que ainda
existe. O processo. O exercício de presença sobre aquilo que se quer descobrir,
aprender, experimentar, desconstruir, desautomatizar, arriscar-se em busca da
consciência do que se faz. Presença. Aquecemos com movimentações já
experimentadas, isso me fez perceber o como meu corpo estar diferente em
relação a essas experiências de movimento. É a apropriação a partir do vivido,
a inteligência que o corpo adquiri com a experiência. E isso é o tempo. O
processo. Depois partimos para exercícios de foco e espacialidade, em que
tínhamos que executar a partitura tanto para o lado esquerdo quanto para o
direito. Também trabalhamos o detalhe de execução do movimento, onde ele se
inicia e onde ele se finaliza. A percepção que tenho é que o engajamento é a
potencialidade para execução do movimento. Quanto mais me engajo em algo mais
destrincho suas potencialidades. Mas percebo que isso ainda é um trabalho
tímido em mim, quando tenho que exercitar o movimento por coreografias me sinto
escondendo atrás das pessoas pra poder executar a coreografia, senão não me
acredito. Mas isso tá melhorando com o tempo. Mas tenho percepção que isso é um
exercício também de libertação, até pra dizer que não gosto de coreografias,
mas me desafio nelas. Tem dias que é mais gostoso, outros nem tanto e faz parte
do meu processo. Passado o aquecimento, partimos para experimentação da rede no
aglomerados. Repetimos inúmeras vezes a rede para perceber o momento de
encontros, os nãos encontros, a composição que era possível com os corpos que andavam
e procuram algo que pode se dar ou não no encontro. Às é um desistir que gera
outra coisa, outras vezes é o encontro interessado que gera a profundeza, mas
no fim tudo gera uma escolha. Executei eternamente a topografia do Lupe, e a
partir disso fui criando minha conexão com espaço e com os possíveis encontros.
Muitas possibilidades foram surgindo na experimentação, mas percebemos que é
preciso estabelecer certas ordens para que fixemos encontros potentes que
surgiram durante experimentação. Trabalho de apropriação do que se faz mesmo.
Depois experimentamos a dancinha do final da rede que desemboca na euforia
coletiva. Dessa vez o Gustavo ia falando coisas sobre si (?) para os casais que
poderiam olhar pra ele, mas o interesse era pouco. No mais a relação era de não
escuta pela figura do Gustavo, e também poderia ser da parte dele? O que me
interessa no outro? Depois de finalizada a dança dos casais e a dança coletiva
o Ricardo ia falando coisas curtas e desconexas sobre a vida, que ora fazia
sentindo, outras eram bla blas. Me deu muita sensação de uma pessoa que fala
simples em que muita verdade é dita sem precisar de uma erudição sobre o que se
pensa.
A descrição do vivido de ontem tá misturado com minha
experiência, não consegui fugir disso.
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