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domingo, 30 de março de 2014

da incompletude de ser sem saber dizer o que, quase sempre dá nada, vira pó.

estou aqui, não estou? agora não tenho mais escapatória(s), elas são muitas, não é? ás vezes mais me sinto  escapando das coisas do que deixando que eles se instalem no meu corpo por inteiro. é por falar sobre falta, que me sinto uma falta agora. falta das coisas não-feitas e não-ditas. eu me culpo por não saber mais administrar o tempo. e sim, eu me sinto feliz não administrando o tempo, até o próximo abalo sísmico que me desestabilize. quando eu tinha dezoito anos eu administrava o meu tempo, hoje aos 25, quero que tudo fique lento como o domingo de hoje. domingo parece um dia verdadeiro, só o necessário acontece. será? eu queria que os domingos fossem mais adentro na semana. será? eu nem sei porque sinto isso, mas eu ia começar de outro jeito, eu sempre apago tudo que faço antes mesmo de começar. dentro mim o pensamento (parece uma coisa a toa) me  consome. o que faço com isso que não consigo dizer? eu apago antes de proferir a primeira palavra. nesses tempos de incompletudes eu me sinto mais vazia do que cheia. eu vou esvaziando e transformando a dor em neutralidade. é como se eu fosse vendo a realidade humana, as relações, as guerras, os julgamentos, o mundo, eu no mundo, e blá blá, aí me sinto mais querendo ser vazio do que humana. é minha fuga, talvez seja mesmo. eu sou especialista em fugas. em todos os hábitos, especialmente, no amor. como uma pessoa incompleta se relaciona? hoje mesmo sendo incompleta eu me arrisco mais no abismo entre eu e o outro. sofro muito, mas não do mesmo jeito derradeiro de antes da infância. sofro leve, pois a experiência amaciou a carne.  
eu agora queria que ela abrisse minha porta e dissesse nada, mas entrasse. ela não entrou. e porque que eu quero que ela entre na minha vida?
faz três dias que estou assistindo o filme “her”, assistindo por partes, tanto pela falta de tempo que não consigo administrar, tanto pela dor angustiante que esse filme tem me causado. eu não sei, sou muito confusa... eu me sinto os personagens do filme. o cara que se relaciona com o sistema operacional, a samantha, a ex do theodore, a amiga da samantha que se passou de samantha. preciso processar melhor e finalizar a sessão antes de proferir algo.

e passou alguns minutos ela entrou pela porta. ela interrompeu meu vazio e minha solidão com um beijo e foi embora novamente. 

3 comentários:

  1. é... eu abracei uma árvore com muito carinho uns dias atrás. não imaginava nada sobre o que isso significava. abracei várias na verdade, aquela coisona dura e seca, mas viva né. fiquei pensando que bobagem isso tudo. olha pra essa árvore, ela tá aqui há 100 anos, se adaptando a TUDO. enfim.. como falar de motivação depois disso? é simples, mas viver pra gente é muito duro, a matéria humana se autosabota demais... é das coisas da natureza com menos sabedoria sobre si que conheço. tanta potência resulta em tanto colapso!! prefiro calypso!! socorro!! mais alegria! mais nada de nada, nadismo, domingos, a perda dos sentidos, a perda da razão!! chega! salvem-me daqui!!

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  2. é...
    e eu quando quero me livrar dessa condição humano, eu corro pra rua. eu ando pela L2 à noite. e parece que tudo é sem pressa, apenas é... uma parada de ônibus, uma árvore iluminada pelos faróis dos postes, uma L2 sem gente. é tudo silêncio e nada quero ser.

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  3. e ainda é dor
    e como será
    quando não mais ser?

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