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sexta-feira, 7 de março de 2014

improviso 1

não sei porque a angústia. talvez só veja a ausência, a incompletude, o que não encanta nem atravessa por esse lado. difícil enxergar o avesso, a histeria no patético, no vazio de sentido, de narrativas. é difícil não pensar quando se pensa e se sente a incompletude todos os dias. desistir e seguir, desistir outra vez, de outra maneira, e achar outro caminho, se melhor ou pior não importa, só se vai. continua a longa jornada até a próxima desistência, a próxima queda e o próximo voo. até a última que é a morte, ou não. e quem desiste da vida pra seguir um infinito misterioso? sigamos subindo e caindo, gritando, rindo da miséria, rindo da felicidade genuína, do ridículo que somos nós vivendo tão soltos e perdidos. procurando, sempre. insatisfeitos, duvidosos dos satisfeitos. fortes são os que sabem enganar a fraqueza, e de olhos bem abertos exibem seus humores. em outras palavras, abrem o peito e continuam caminhando, mesmo aos tropeços. 'quem sou eu para ousar pensar? devo é entregar-me. como se faz? sei porém que só andando é que se sabe andar e - milagre - se anda'.

4 comentários:

  1. Pois então Paco, é isso! Imcompletudes! Um buraco que nunca está preenchido! Novamente isso é bem existencial, é bem atual. Vejo que quero trabalhar sobre este tema. Antes foi Aglomerado, que também nos diz sobre imcompletudes, sobre falta, sobre perdas. Perda do brilho, perda da vontade, perda do tesão, perda da percepção, preguiça de sentir, tédios. E agora uma tentativa, talvez, de recuperar, resgatar uma falta. Será isso possível?

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  2. Bem, não seu porque o comentário foi com o remetente baSiraH, mas sou eu, Giselle. Acho que não tenho uma conta google individual.

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  3. Gostava de um termo num filme do Woody Allen em que a personagem chamava isso de "insatisfação crônica", uma doença crônica mesmo. "Moderna" seria? Tenho dificuldade de entender a falta de algo senão considerar uma dimensão de alteridade, já que pra mim, pelo menos, não dá pra faltar nem sobrar nada se o mundo é um mundo de um só. O autismo fica interessante se pensarmos esse aspecto. Da mesma forma, a esquizofrenia. São 'respostas' orgânicas à impossibilidade? Se tudo pode ser feita e a vida é sinônimo de potência, faltar algo não seria, isso sim, uma impossibilidade?

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